08 outubro 2014

O que foi o teu almoço?

Nos últimos anos já me tenho sentido como um animal em processo de engorda, com as pesagens frequentes até atingir o peso de abate. Mas no meu caso, a morte que se anuncia é por amor. Amor parental.

Nas visitas ao lar é recorrente a preocupação com o meu peso. "Tu não andas a alimentar-te", "Olha para esses bracitos", "Estás tão magrinha, pareces doente", "O que é que comeste hoje? E ontem?" and so on.
Seguem-se as minhas negações e a etapa mortificante de ser colocada em cima de uma balança, para descansar as preocupações de quem nos fez as orelhas.

Eu não tenho nenhum distúrbio (alimentar, pelo menos). Sou uma adulta quase cota mas naqueles momentos volto à infância, sinto-me pequenina, a criança dos papás.

E percebo que para eles serei sempre aquela menina. Ou a recém-nascida prematura e raquítica, em risco de vida, que lhes saiu na rifa.

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